O que é a apneia prolongada pós succinilconina

A succinilcolina é um bloqueador neuromuscular do tipo despolarizante, ou simplesmente denominado de relaxante muscular despolarizante, cuja característica principal é um rápido início de ação com excelente relaxamento das cordas vocais, o que o torna um agente de escolha para intubação traqueal nas emergências médicas e nos pacientes considerados de estômago cheio1-3.

A despeito de suas vantagens, a succinilcolina apresenta efeitos colaterais graves e potencialmente fatais. Entre eles pode-se citar, a hiperpotassemia aguda, as disrritmias cardíacas, a reação do tipo alérgica e a hipertermia maligna4-11.

Este fármaco é metabolizado no plasma por uma enzima sintetizada no fígado, denominada de pseudocolinesterase, butirilcolinesterase ou colinesterase plasmática12. Esta enzima também é responsável pela metabolização do mivacúrio, um bloqueador neuromuscular adespolarizante e da cocaína. Em relação à esta última droga, a deficiência da enzima pode ocasionar efeitos muito graves, inclusive levando o paciente à morte.

A forma atípica da enzima, tanto por defeito quantitativo ou qualitativo, pode ocasionar a apnéia prolongada pós succinilcolina, caracterizada por um efeito de relaxamento muito prolongado após a injeção de doses clínicas de succinilcolilna, necessitando de medidas especiais para seu tratamento (conduta na apnéia prolongada)13. A forma atípica herdada é uma doença autossômica recessiva, e os pacientes podem apresentar numerosas variantes do gene, resultando numa extensa gama de respostas à succinilcolina, podendo a apnéia durar desde 10 minutos até 6 horas, nas formas mais graves15.

O diagnóstico da forma herdada implica na determinação da atividade de butirilcolinesterase, que se encontrará diminuída, e da identificação genética da variação do gene.16 (diagnóstico)

 

1. Holmberg TJ, Bowman SM, Warner KJ, Vavilala MS, Bulger EM, Copass MK, Sharar SR: The association between obesity and difficult prehospital tracheal intubation. Anesth Analg; 2011; 112: 1132-1138
2. Jensen AG, Callesen T, Hagemo JS, Hreinsson K, Lund V, Nordmark J: Scandinavian clinical practice guidelines on general anaesthesia for emergency situations. Acta Anaesthesiol Scand; 2010;54: 922-950
3. El-Orbany M, Connolly LA: Rapid sequence induction and intubation: current controversy. Anesth Analg;2010; 110: 1318-1325
4. Gronert GA, Theye RA: Pathophysiology of hyperkalemia induced by succinylcholine. Anesthesiology 1975; 43: 89-99
5. Mazze RI, Escue HM, Houston JB: Hyperkalemia and cardiovascular collapse following administration of succinylcholine to the traumatized patient. Anesthesiology 1969; 31: 540-547
6. Baraka A: Severe bradycardia following propofol-suxamethonium sequence. Br J Anaesth 1988; 61: 482-483
7. Naguib M, Magboul MM: Adverse effects of neuromuscular blockers and their antagonists. Middle East J Anesthesiol 1998; 14: 341-373
8. Chidambaran V, Ngamprasertwong P, Vinks AA, Sadhasivam S: Pharmacogenetics and anesthetic drugs. Curr Clin Pharmacol; 2012;7: 78-101
9. List WF: [Cardiac arrhythmias during anesthesia: their origin and pharmacological control]. Anaesthesist 1966; 15: 368-372
10. Hopkins PM: Malignant hyperthermia: pharmacology of triggering. Br J Anaesth; 2011;107: 48-56
11. Rubio M, Bousquet PJ, Demoly P: Update in drug allergy: novel drugs with novel reaction patterns. Curr Opin Allergy Clin Immunol; 2010;10: 457-462
12. Kaufman K: Serum cholinesterase activity in the normal individual and in people with liver disease. Ann Intern Med 1954; 41: 533-545
13. Fernandez Prieto RM, Ramallo Bravo A, Carmona Carmona G, Carrasco Jimenez MS: [Update on the current role of plasma cholinesterase]. Rev Esp Anestesiol Reanim; 2011;58: 508-516
14. Whittaker M: Plasma cholinesterase variants and the anaesthetist. Anaesthesia 1980; 35: 174-197
15. Soliday FK, Conley YP, Henker R: Pseudocholinesterase deficiency: a comprehensive review of genetic, acquired, and drug influences. AANA J; 2010;78: 313-320
16. Gaughan G, Park H, Priddle J, Craig I, Craig S: Refinement of the localization of human butyrylcholinesterase to chromosome 3q26.1-q26.2 using a PCR-derived probe. Genomics 1991; 11: 455-458